Séries e TV
'Ghoul - Trama Demoníaca' é uma produção de arrepiar
Uma das coisas que mais gosto na Netflix, é essa capacidade do serviço de streaming de se globalizar a cada ano, apoiando produções originais não apenas nos EUA, mas ao redor do mundo e ainda disponibilizando em todos seus catálogos de forma simultânea para diversos públicos. Isto resulta numa forma mais interessante não só de conhecer novas narrativas através de outras línguas, mas estilos diferentes de atuação, de direção e uma maior gama de produções de qualidade que não teríamos acesso de uma forma tão dinâmica quanto esta. Desta forma, produções como Dark (Alemanha), La Casa Del Papel (Espanha), 3% (Brasil) e Ghoul (Índia), que é foco deste texto, viabilizam uma oportunidade de conhecer novas narrativas de entretenimento.
Falando
mais sobre Ghoul, esta é uma produção indiana co-produzida com a parceria de
uma das produtoras mais prestigiadas do momento, Blumhouse do poderoso Jason
Blum, que está por trás dos sucessos como os prestigiados “Corra!” e
“Fragmentado”, além da franquia “Atividade Paranormal” e “The
Purge”. Só isto já seria motivo para você assistir a minissérie, que é acima de
tudo uma produção de Bollywood inicialmente concebida como longa metragem na
Índia, porém com seus direitos adquiridos pela Netflix, foi dividida em três partes em forma de minissérie.
A
trama de Ghoul possui uma premissa bastante intrigante e mostra um lado que eu
particularmente desconhecia do cinema indiano (conhecido pelos seus filmes de
ação e comédias românticas recheadas de dança e música), a capacidade entregar
uma trama de terror intrigante e de dar arrepios. Mais um pouco sobre a
história, situada num futuro distópico não muito distante do nosso, uma
investigadora chamada Nida Rahim é enviada a uma detenção militar secreta para
interrogar um prisioneiro misterioso e acaba por descobrir que o mesmo não
pertence a este mundo.
Com
essa pegada, a narrativa toma forma durante a maior parte do tempo dentro da
prisão secreta mencionada na sinopse, porém a série em seu piloto, “Out of the
Smokeless Fire” (1x01), prefere tomar um caminho mais cadenciado, onde
estabelece seu universo e sua protagonista antes de seguir para o local da
trama principal. No começo pensei que estava assistindo algo diferente daquilo
que buscava principalmente porque a trama se passa num futuro totalitário onde
o governo corrupto e repressor controla tudo até o que a população lê, desta
forma o terror e o suspense no primeiro episódio são quase inexistentes até
chegar aos últimos minutos onde há uma crescente sobrenatural que paira sobre a
narrativa.
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créditos: Netflix |
A
minissérie mostra a que veio realmente nos dois episódios seguintes, mas isto
só funciona, porque você já sabe muito do passado de Nida e a trama
flui melhor. Contudo que acontece a partir de “The Nightmares Will Begin”
(1x02), onde o terror realmente toma forma, são aparições, sustos e violência
física e psicológica que trás a fragilidade e medo dos personagens ao enfrentar
algo sobrenatural que não compreendem. Tudo é muito bem amarradinho, o suspense
aqui acelera na narrativa à medida que as revelações vão surgindo, dando lugar
a ação e muita carnificina.
O
último episódio “Reveal Their Guilt, Eat Their Flesh” (1x03) é memorável,
porque ele não só trás excelentes reviravoltas surpreendentes, como faz sua
protagonista brilhar numa interpretação bastante sólida da atriz bollywoodiana Radhika
Apte. A trama é tão bem estruturada que quando termina deixa um gostinho de
quero mais. O diretor, criador e roteirista da série Patrick Graham criou uma
história de terror que não se apega apenas a sustos, mas trás mensagens
importantes sobre governos ditatoriais, política e crenças urbanas.
No
geral Ghoul – Trama Demoníaca é uma grata surpresa, uma minissérie bem
produzida, bastante pesada em alguns aspectos, mas que possui um equilíbrio
impecável entre terror, suspense e drama. Talvez demore um pouco a empolgar em
seu primeiro episódio, mas quando a trama engata se transforma em uma das
melhores surpresas desta nova safra de séries da Netflix, uma produção indiana
que não deve nada para nenhum enlatado hollywoodiano atual. Desta forma, amigos
astronautas segue esta recomendação de dar calafrios, se for fã de um bom
terror, esta minissérie foi feita para você.
