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Em Adultos, Emma Jane Unsworth nos traz uma protagonista detestável. Mas não é culpa dela. É das nossas expectativas. Jenny McLaine é uma pessoa de verdade. Está vivendo a vida contemporânea sob um conjunto pesado demais de expectativas. Ela, como muitos de nós, não aprendeu a ser uma pessoa adulta e um milhão de questões mal resolvidas na infância vem à tona toda vez que ela precisa pensar excessivamente sobre uma foto qualquer para o Instagram.
Às vezes, me parece que a nossa geração se tornou adulta de um jeito tardio e todo esquisito. Pessoalmente, mesmo trabalhando, cuidado dos meus problemas e responsabilidades, nem sempre me vejo como um adulto de verdade. O que é estranho, porque nós, pessoas privilegiadas dos anos 1990, estamos só tentando com afobação disfarçar a chegada iminente dos trinta. Eu leio meus quadrinhos, jogos meus videogames, tudo isso no intervalo de uma reunião importante do trabalho, e me parece que uma mesma coisa agora pode ser as duas: porque eu não me sinto velho e talvez isso seja parte do problema.
Na primeira vez que encontramos nossa protagonista, ela está meio que chorando no banheiro porque não tem certeza se as pessoas vão reagir a uma foto banal do seu café da manhã. Parece exagerado, mas a cena, quando você pensa um pouquinho mais a fundo e com empatia, soa muito mais realista do que deveria.
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Adultos é sobre as pessoas na faixa dos trinta, vivendo uma vida de fachada virtualmente enquanto se despedaçam sozinhas em apartamentos minúsculos em cidades grandes. A história em si não segue exatamente uma narrativa tradicional, vemos memória antigas s e constrangimentos presentes disputando palco entre os traumas da protagonista, que, pasmem, tem questões não saradas em relação à mãe, ao namoro sutilmente abusivo (recentemente encerrado), a uma série de disputas femininas no trabalho e nas redes sociais e ao relógio biológico que diz que ela precisa correr se ainda quiser ter um filho.
Embora à primeira vista, Adultos pareça basicamente uma história sobre o terreno instável que são nossas identidades nas redes sociais, há pontos de identificação e empatia muito fortes por toda a trama, por isso que comecei este texto falando da vida adulta na contemporaneidade. Não é uma leitura confortável, apesar de bem rápida (as quatrocentas páginas passam voando, entre trocas de e-mails e mensagens telefônicas). Há muito peso no que a gente consegue ver em si mesmo enquanto julga a protagonista. É fácil ver o quão mesquinha Jane pode ser com suas relações sociais, mas é verdade aquela foto sorrindo no perfil do Facebook?
Quando comecei a leitura, eu tinha certeza que seria uma ideia caricata e um pouco cômica sobre nossa dependência das novas (?) tecnologias. Mais ou menos como aquele episódio de Black Mirror, Nosedive, que consegue pesar nossas consciências, mas com um pouco de humor e boa vontade. Eu também achei que, como sempre, a vida da protagonista seria resolvida no final com um relacionamento romântico estável.
Pense outra vez. Adultos, certamente, não é sua leitura do chá no fim da tarde. É uma reflexão difícil, mas necessária, sobre o tempo que investimos em nossas máscaras e o pouco que sobra por trás quando elas caem.
Adultos, da Emma Jane Unsworth, foi o livro de Agosto do Clube de Assinaturas Intrínsecos e chegará às livrarias nos próximos meses.
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Em 04.09.2020